Obediência
fez a diferença
Por Tim
Wilkins
Traduzido e
divulgado com autorização do autor
“Levanta
pra levar outro soco!!” Parei horrorizado no meio do corredor enquanto meu pai
gritava essas palavras para minha mãe, caída aos pés dele. Ele tinha acabado de
jogá -la contra o piso da sala de estar. A briga de meus pais me acordara no
meio da noite.
Essa é uma
das minhas primeiras lembranças dos 5 ou 6 anos de idade. Creio ter feito uma
promessa inconsciente naquele momento, “Não serei como este homem!” Assim
começou minha rejeição pela masculinidade e a acolhida da homossexualidade.
O caos
caracterizou o que chamávamos de “lar”.Mesas viradas e blasfêmias
traumatizantes ecoavam por toda a casa. Pela manhã, era comum achar pedaços de
vidro cobrindo o chão, campo de batalha doméstico da noite anterior. Certa vez,
papai estourou o tímpano dela com uma ‘sapatada’. Ela gritava com uma dor
horrível! Na noite seguinte, ele ameaçou fazer o mesmo no outro ouvido se ela
não parasse de chorar.
Gritos inconscientes por ajuda
O clima era
tão intenso que virei sonâmbulo. Como disseram minha mãe e meu irmão, eu andava
pelo corredor, estalava a garganta e emitia sons chocantes. Minha rotina
noturna levou minha mãe ao completo terror; meu pai ‘dormia’ para os meus
gritos inconscientes por ajuda. Nenhum dos dois percebeu que o filho caçula
precisava de acompanhamento, embora provavelmente tenham entendido que aquela
raiva contínua contribuiu para os meus medos crescentes.
Várias
décadas não apagaram a lembrança de uma tarde de verão em que eu brincava
sozinho em um morro perto de casa, desejando ser abraçado por um homem. Eu era
pequeno. Não havia sentimentos eróticos, só um desejo diferente por intimidade
e proteção masculina – uma necessidade humana dada por Deus que não se
concretizou na minha infância.
Já sabia
que era diferente; alguma coisa não batia bem. Aos oito, lembro de admirar
vestidos. Os babados e fitas me hipnotizavam, eu queria usá-los, mas como não
tinha irmã, insisti com minha mãe que me comprasse um. Mamãe achava estranha
minha insistência, mas infelizmente ela cedeu e me comprou um vestido.
Sofrimento
sem fim
Raramente
experimentei a aprovação e amor de meu pai, e minha mãe, cujas próprias
necessidades não eram saciadas, me procurava para receber conselho e ajuda.
Tornei-me seu marido substituto. Ela me falava abertamente do seu desprezo por
meu pai e de seu desgosto por sexo. Com freqüência ela me repreendia para que
fosse o mediador entre eles (é importante frisar que nunca ouvi ou li nenhum
caso de pais que tentaram, de forma consciente, transformar seu filho ou filha
em gay ou lésbica.)
Eu era
muito maduro e excessivamente tímido, como a criança a quem eu nunca me
enquadrei. Minha auto-estima era penosamente baixa.
Na
puberdade, reconheci a atração pelos garotos da escola. “Deus, por que isso
está acontecendo comigo? Por que os jogadores de basquete me são mais atraentes
que as líderes de torcida?”
Minha dor
emocional era tão intensa que tive um pedacinho de papel sob a pulseira do
relógio por anos, no qual eu rabiscava quase microscopicamente, “Senhor, eu lhe
confio a minha cura.” Embora, aos 9 anos, eu tenha entregado meu coração a
Jesus, sabendo que Ele morreu pelos meus pecados, meu tumulto emocional
continuava.
Abandonado!
Quando as discussões
de meus pais alcançaram um nível insuportável, papai nos deixou e passou meses
na casa de meus avós. Mamãe me pediu que dormisse com ela por conforto
emocional. Por vezes, nossos utensílios eram quebrados. Uma vez, ele veio nos
visitar; quando estava indo embora, minha mãe jogou um pote de farinha nas
costas dele.
Lá pelos
meus 10 anos, papai ficou tão bravo comigo que me tranquei no banheiro. Ele
socava a porta me mandando sair. “Por favor, pa re!”, gritei. Quando me recusei
a abrir, por medo de apanhar, ele começou a chutar a porta, enquanto ela me
suplicava para sair; “Tudo ficará bem”, ela disse. Eu sabia que não ficaria!
Quando a porta cedeu, eu pulei pela janela do segundo andar e me escondi em uma
casa vazia próxima.
Minha escolha
consciente pelo pecado!
Foi nessa
época que cedi a minhas atrações pelo mesmo sexo. Eu tinha um amigo de escola
há anos. Seu sorriso agradável e de aceitação me fascinava; ele gostava de mim.
Pela primeira vez, um outro homem gostava de mim. Assim, começou meu envolvimento
esporádico na prática homossexual. Logo percebi que era excitante, mas não me
preenchia. Agradava, mas não satisfazia.
Em casa
continuava um inferno. Mamãe me manipulava para chegar ao papai. Quando eu não
cooperava com seus desejos, ela me acusava: “Você o ama mais que a mim.” Eu não
queria escolher entre eles; só queria que eles se amassem e parassem de brigar.
Em outra
ocasião, nós discutimos devido a um incidente. Quando meu pai chegou do
trabalho, ela mandou que ele me punisse. As marcas roxas em minhas pernas eram
tão notórias que na manhã seguinte acordei minha mãe antes de ir à escola e
pedi que ela escrevesse um bilhete de desculpas por eu não usar a roupa de
ginástica. Eu sabia que as marcas do sinto chamariam a atenção.
Obediência
Minha
atividade homossexual continuou até os 20 e poucos anos, quando eu decidi que,
embora não soubesse como me tornar heterossexual, eu saberia ser obediente.
Embora a
Bíblia não desse o passo a passo para a saída da homossexualidade, era um livro
repleto de princípios que eu poderia aplicar a minha vida. O salmista escreveu
sobre não olhar para a tentação. Recusei-me a ver pornografia e desviava o
olhar quando via um homem atraente. Tinha de fazer ajustes em minha vida.
Focar-me no melhor de Deus para mim; em vez de em minha dor psicológica, eu
meditava na admoestação de Paulo: "Finalmente, irmãos, tudo o que é
verdadeiro...respeitável . . . justo . . . puro . . .amável . . . de boa fama –
se alguma virtude há e se algum louvor existe – seja isso que ocupe o vosso
pensamento ." (Fil 4:8) Já que a Palavra de Deus exalta o amor entre homem
e mulher, eu pedi ao Espírito Santo para ser meu mentor pessoal e me ensinar o
jeito certo de amar uma mulher. Mais
ainda, pedi que Ele me ensinasse o jeito certo de me relacionar com outro
homem.
Relembro do
primeiro milagre de Jesus – no casamento de um homem com uma mulher. Quando o
vinho de qualidade terminou, a mãe de Jesus lhe apresentou a situação
complicada. Acho que Jesus a repreendeu.“Ainda não é chegado meu tempo”.
Mas logo
depois Maria diz aos criados da casa: “O que Jesus lhes mandar fazer, façam.”
Não acho que, naquela época, Maria tivesse consciência do significado eterno de
seu conselho; quando fazemos o que Jesus nos manda fazer, aí o milagre
acontece. Muitas vezes me pergunto se os criados expressaram alguma emoção ao
trazer os barris de água para o interior da casa. Eles teriam tido medo de ser
despedidos pela atitude tão descabida de oferecer água aos convidados?
Mas eles
seguiram as instruções de Jesus, e a água se fez vinho.
A Transformação Contínua
Aos 22,
entendi que Deus dizia, “Tim, volte pra faculdade”, e eu o fiz! Naqueles anos,
me conscientizei de que Deus tinha um propósito na minha vida. Viver em um
alojamento masculino tinha um efeito de cura sobre mim. Eu era obrigado a interagir com outros homens
diariamente, ser seu parceiro, aprender a me relacionar corretamente com eles.
Sobressai-me na música, recebendo 5 premiações durante a graduação.
Nos verões,
servia como evangelista de louvores e pregações e diretor jovem na convenção
denominacional de meu estado. Passei do tímido, introvertido e inibido, para o
homem seguro que proclamava com audácia a autoridade da Palavra de Deus. O
menino que desprezava os seminários no ensino médio estava sendo transformado
em um homem de Deus que dividia o amor de Cristo sem nenhuma vergonha.
Durante um
desses verões, enquanto pregava pelo estado, meus pais se separaram e
divorciaram após 33 anos de casamento; nossa linda casa fora vendida. Soube de
tudo depois de ocorrido. As notícias me abalaram, mas não me pararam.
Da
faculdade, fui para o Seminário de Southwestern. Quando o maestro do coral
soube que eu iria estudar a Bíblia em vez da música, ele foi categórico em sua
oposição: “Tim, você se superou em composição, teoria musical, arranjo de
coral; por que não seguirá a música no seminário?” Tudo que eu pude dizer foi:
“é o que Deus quer e é o que me basta”.
Ao começar
o seminário, eu era como uma esponja em um grande lago; absorvia tudo.A Bíblia
crescia viva em mim. Eu não só recebia uma grande educação teológica para um
futuro ministério sobre o qual eu nada sabia, como também aplicava a verdade
bíblica a minha fragilidade sexual.
As atrações
pelo mesmo sexo continuaram na faculdade e no seminário, porém num nível bem
menor. Mantive-me firme na recusa de ceder. Na verdade, eu já tinha dito a
Deus: “Não importa se me sentirei atraído por uma mulher, desde que eu tenha o
Senhor!”. Essa oração era um marco; não importava se eu tinha atração pelo sexo
oposto, o que interessava era ser um discípulo de Jesus Cristo.
E depois?
Após a
graduação, fui chamado a pastorear em minha cidade natal – um solteiro vivendo
em uma casa de 4 quartos. Nessa época, meu pai perdeu sua casa por
inadimplência, separou-se da segunda mulher, era alcoólatra e estava perto do
suicídio. Com todas as responsabilidades de um jovem pastor solteiro em meus
ombros, coloquei-o em um abrigo da igreja e cuidei dele até poder colocá-lo em
uma instituição para alcoólatras – nada disso revelado a minha congregação.
Renunciei
desse pastoreio –desiludido e deprimido. Clamei a Deus, “O que o Senhor quer de
mim? Vivo no celibato a mais de dez anos. Eu o segui o mais de perto que pude.
O que o Senhor que e mim”?
A
intervenção surpreendente de Deus
Eu estava
perto de descobrir! Uma amiga visitou minha cidade. Lembro de ter gostado dela
no seminário, mas nunca a acompanhei. Passamos muitos dias juntos. Nos
afeiçoamos, nada além, mas foi o bastante. Em um dia de novembro experimentei
pela primeira vez, em meus 33 anos, uma atração fabulosa, estática e romântica
pelo sexo oposto. O que Deus queria de mim? A fé de confiar nele sem limites!
Queria
dizer ao mundo O que Deus fizera, mas não podia, pois para isso teria de
revelar minha homossexualidade passada.
Não casei
com essa amável senhora, que é hoje casada com um cristão maravilhoso. Conhecem
minha história e me dão muito apoio.
Cinco anos
depois, em uma quinta-feira, 17 de setembro de 1992, às 7:19 da noite, Lisa
entrou em minha vida. Nos encontramos em um evento para solteiros e as faíscas
voaram – no bom sentido. Lisa era tudo que eu esperava – uma linda mulher de
Deus, com um sorriso dos céus. A Bíblia estava certa! “Agrada-te do Senhor e
Ele atenderá aos anseios do teu coração.” Deus era meu prazer e me enviou meu
desejo... Lisa.
Antes de
ficarmos noivos, tivemos uma longa conversa: “Lisa”, disse, “você deve saber
algo do meu passado que pode influenciar nosso futuro”.Com voz firme, falei,
“Eu fui gay!”
Lisa nunca
hesitou em seu amor por mim. Desconhecido nas duas igrejas que servi como
pastor, estudei e preguei especificamente textos bíblicos que eu podia aplicar
em meu processo de cura. Aqueles sermões e o material exegético estavam
colocados sobre a mesa do café para que ela visse.
Lisa e eu
nos casamos em 21 de agosto de 1993. Eu tinha 38 anos. Regozijo em dizer que
“embora não seja mais gay (alegre, em inglês), sou mais feliz que nunca e devo
isso a Jesus Cristo”.
Mais de um
ano depois de Lisa e eu nos convencermos que eu deveria testemunhar, muitos
amigos cristãos se colocaram contra. Um deles me disse, “Mas isso arruinará seu
testemunho!”, ao que eu respondi: “Mas esse é o meu testemunho”.Fui lembrado de
que após Jesus curar um homem de Gadara, disse a ele: “Vá e dize as grandes
coisas que o Senhor tem feito por ti, o quanto ele tem misericórdia de ti”,
desde então faço isso!
Deus nos
abençoou com mais milagres – três filhas - Clare, Grace e Ellie. Como diz o
louvor, “Deus é bom o tempo todo! E todo o tempo, Deus é bom!”.
Adendo:
Deus, na sua graça, providenciou cura na
minha família. Minha mãe, agora com o Senhor, deixou saudades; “Oh, Deus,
desejo ouvir sua doce voz de novo. E irei! E antes da morte de meu pai,
finalmente nos tornamos o que Deus queria desde o princípio... pai e filho”.
O pastor Tim Wilkins, diretor do Cross
Ministry, deixou a homossexualidade e é hoje casado e pai de três filhos.
Fonte:
www.crossministry.org
O Cross
Ministry, Inc. (Cross) é uma organização cristã, que torna visível a realidade
de mudança para o homossexual através de Jesus Cristo.
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